É bem possível que tenha chegado aos cem,
vivido até aos cento e qualquer coisa,
porque cada vez se morre mais tarde,
mas não sei, se da melhor maneira.
Mas se Tu aí, onde estiveres,
tomaste conhecimento desta mensagem
e da minha existência e a quiseres mudar,
em qualquer altura, a meu pedido, claro,
faz o favor de o fazer agora,
quando ainda tenho cinquenta, já feitos,
em dois mil e nove, do calendário gregoriano.
E assim, outro tanto poderei usufruir.
Encontro-me aqui, por Sete Rios,
pertencente a uma espécie do reino animal, o Homo
Sapiens,
em Lisboa, a cidade da saudade, onde desagua o Tejo,
neste pequeno país europeu, chamado Portugal,
banhado pela imensidão do Atlântico,
no terceiro planeta do Sistema Solar, o azul,
onde se luta e se mata pelos direitos à Terra e à
vida,
e pelo poder,
e pela sobrevivência,
e em nome de deus(es),
e por prazer,
localizado entre biliões de outras estrelas da Via
Láctea,
que integra com mais de três dezenas de galáxias o
Grupo Local,
no Superaglomerado de Virgem,
etc., etc., etc…
Liberta-me deste Ego, enorme, doentio,
herança canceriana, que me abafa a inteligência
que me liga ao Universo,
prende-me à insignificância que não (pres)sinto,
e à Terra,
à forma,
ao estilo…
Porque sou o que nem sei,
e quero evoluir,
seguir o movimento da espiral,
sentir-me em casa,
e paz.
E não me canso de olhar para este céu,
onde se desenha o presente,
num relógio meu, com dez ponteiros,
e Te procurar mais além, nas estrelas.
Mas, se aí Te visse, estarias em outro tempo,
talvez, quando reinava o Luís XIV,
e eu, aí, nem Te (re)conhecesse.
Haverá outro caminho,
e terei, sempre em dois mil e nove,
feito cinquenta,
e à Tua espera.
João Marques Jacinto
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