É por entre estas paredes
onde escrevo o que me digo,
que habito todas as horas que se dizem mortas,
refugiando-me em silêncio
das exigentes rotinas de vencedores,
das expectativas e viris respostas,
do confronto em esforço com a dúvida,
da carência de quem mal se conhece.
Fecho-me neste berço de poesia,
onde atentamente tudo em mim observo,
rendido ao incentivo da procura,
na solidão que me conforta ao (re)encontro
do que fui desde sempre
e não me lembro,
até onde, por fim, me completarei—
mesmo que esteja longe desse entendimento,
em misterioso labirinto,
estimulado pelo desejo de liberdade,
a vencer-me no preconceito,
a lutar contra todos os medos do medo,
e a provocar a escrita ao movimento,
a protegê-la dos maus olhares,
para que, em brincadeiras de palavras,
me construa à vontade de degraus
do que me eleva,
provoca emoções
e me dá sentido.
E haja quem me queira
tão somente
pelas palavras,
e se sirva de minhas palavras,
se delas souberem mais de si,
e de como brincar assim comigo,
para que se seja poesia
para além de qualquer palavra,
e mais do que poeta.
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