sábado, 26 de abril de 2025

Entre Paredes de Poesia


É por entre estas paredes

onde escrevo o que me digo,

que habito todas as horas que se dizem mortas,

refugiando-me em silêncio

das exigentes rotinas de vencedores,

das expectativas e viris respostas,

do confronto em esforço com a dúvida,

da carência de quem mal se conhece.

 

Fecho-me neste berço de poesia,

onde atentamente tudo em mim observo,

rendido ao incentivo da procura,

na solidão que me conforta ao (re)encontro

do que fui desde sempre

e não me lembro,

até onde, por fim, me completarei—

mesmo que esteja longe desse entendimento,

em misterioso labirinto,

estimulado pelo desejo de liberdade,

a vencer-me no preconceito,

a lutar contra todos os medos do medo,

e a provocar a escrita ao movimento,

a protegê-la dos maus olhares,

para que, em brincadeiras de palavras,

me construa à vontade de degraus

do que me eleva,

provoca emoções

e me dá sentido.

 

E haja quem me queira

tão somente

pelas palavras,

e se sirva de minhas palavras,

se delas souberem mais de si,

e de como brincar assim comigo,

para que se seja poesia

para além de qualquer palavra,

e mais do que poeta.

 

 

João Marques Jacinto 

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