Construí durante uma eternidade
uma grande casa,
sobre os alicerces de uma outra
que se perdeu de existência,
de segurança,
onde nasci.
E acabou também esta,
inesperadamente, por ruir.
Depois, construí outra,
dentro de mim,
e senti uma excessiva angústia
e muita solidão,
por não ter o hábito
de estar a sós comigo.
Definitivamente, resolvi sair
da minha aldeia
e continuar a habitar-me livre,
para onde quer que fosse.
Percebi que, por muito que vivesse,
não conseguiria nunca percorrer
todos os lugares da Terra.
Isso não seria o mais importante,
nem motivo de receio ou frustração,
para que viesse a alterar, alguma vez, o percurso
a que me tinha proposto inicialmente cumprir.
Conhecer bem a minha casa
e o que sou,
bastar-me-á
para me sentir mundo.
Um dia, voltarei à minha aldeia,
se ainda houver tempo
para lá morrer.
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