Se sei fazer melhor, não sei.
Talvez, se ousasse ser o que sou,
e compreendesse o profundo sentido do sentir,
se outras portas de mim se abrissem,
voando para além da anilada cúpula
que sustento e que pesa tanto, de infinitude, em luzes
e sóis,
e me soltasse das raízes cada vez mais profundas, por
sede,
nascidas dos passos de outros,
que inibem esta figura da autenticidade,
e atravessasse o espelho, marcado por tantas águas,
para que, do avesso, me olhasse
e te visse como já fui,
soubesse.
Todo animal, morre durante o caminho,
quando o fim está na pressa de chegar a um lugar onde
nunca esteve,
e deseja tão somente agradar quem diz que ama e
aceita,
sem que se ame, se aceite, se seja, se viva.
Só me debruçarei sobre a paisagem
para sentir o que lá há,
depois de me esgotar no que vim e faço.
Se houver alguém que repouse na tranquilidade dos
dias,
é unicamente fogo-fátuo.
Por muito que se queira saber,
nunca se sabe, o que se sabe.
Qualquer pretensão tem maior carrego em outro lado
e divino é quem não crê para se salvar,
e terreno é imaginar-se deus para se redimir à sua
condição.
Se sei fazer melhor, não sei.
Faço o que sei para o que serei,
sem nunca ser o que desejo ser.
A barca navega em mim, timoneiro é o Tempo.
Nunca é tarde antes de anoitecer.
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