Escreves a medo,
em suaves linhas,
timidamente direitas,
inventadas expressões
ao agrado dos seduzidos,
na pele do desinteresse,
com laivos de resignação,
serena indulgência.
À medida que te leio,
repete-se o enredo,
as palavras arrastam-se,
entre o que és e tentas ser,
forçando limites,
mutando tentação em dor.
Leio-te, então,
despida de preceitos,
entrelinhas de instintos,
demónios a que te prendes,
fúrias nos argumentos,
desdita dos ditos,
alucinação dos perseguidos,
sombras da rejeição,
amor ferido,
orgulhosamente déspota,
pérfida,
maligna.
Não sou mais prisioneiro
de tuas palavras,
obrigado a ler-te,
só porque teimas
em me escrever.
João Marques Jacinto
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