Precisei de um pai,
e o pai, fui eu.
De uma mãe,
e a mãe, também fui eu.
De quem me amasse,
mas nunca houve espaço.
Poucos me souberam transmitir
suas verdades
ou me reconhecer.
Precisei de mim,
mas nunca lá pude ir.
Cresci depressa demais,
sem que tenha dado conta disso,
por entre tantos
que tentaram comigo aparentar-se,
porque nunca sabia bem
o que me ser,
para que me desse.
Onde moro eu,
nas minhas crias,
nos que me chamam de pai,
ou me conhecem pela voz do engano,
ou ainda outros que nem sei quem são?
E tudo se deseja esquecer,
o que o tempo há-de matar
suavemente, o que marcou o corpo.
Mas o que toca a Alma,
desmoronar-se-á no fosso da eternidade,
como se uma morte súbita me tivesse abatido.
João Marques Jacinto
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