quinta-feira, 24 de abril de 2025

Ecos de um Pai

Precisei de um pai,

e o pai, fui eu.

De uma mãe,

e a mãe, também fui eu.

De quem me amasse,

mas nunca houve espaço.

Poucos me souberam transmitir

suas verdades

ou me reconhecer.

Precisei de mim,

mas nunca lá pude ir.

 

Cresci depressa demais,

sem que tenha dado conta disso,

por entre tantos

que tentaram comigo aparentar-se,

porque nunca sabia bem

o que me ser,

para que me desse.

 

Onde moro eu,

nas minhas crias,

nos que me chamam de pai,

ou me conhecem pela voz do engano,

ou ainda outros que nem sei quem são?

 

E tudo se deseja esquecer,

o que o tempo há-de matar

suavemente, o que marcou o corpo.

Mas o que toca a Alma,

desmoronar-se-á no fosso da eternidade,

como se uma morte súbita me tivesse abatido.


João Marques Jacinto

 

 

 

Sem comentários:

Enviar um comentário