terça-feira, 21 de agosto de 2012

Liberdade

A liberdade é um sonho,
porque sou um prisioneiro.

As grades impõem-se
constringindo o espaço de ser.
A norma maior é a ganância
e não há piedade
na vil disputa.

E eu recrio cárceres
para que não me resigne à realidade.

Serei livre
quando já não houver condenados
e estiver despojado de insignificâncias
e a verdade for cooperação.

sábado, 18 de agosto de 2012

Esperança d`Alguém

Está aí, alguém,
do outro lado de Mim?

Responda!
Aja!

Ninguém responde!

Parece não haver,
já, quem nos consiga
dar Alma!

Quem existe e pode, está na Sombra
e traz-nos mais escuridão.

Haja, Luz,
esperança d` Alguém,
com espada, nobre,
e Lis no peito.

domingo, 12 de agosto de 2012

Poesia é...

Poesia é
o céu que eu abro,
o céu que em mim eu quero,
o mar onde eu navego,
o mar onde eu me perco,
a brisa que me refresca,
o vento de quando me enfureço,
a casa que me habita,
a cama onde eu adormeço,
o sonho que me sucede,
o desengano que me desalenta,
o abraço que não se esquece,
a saudade por quem nunca surge,
a morte que sempre se espera
o desespero pelo que urge
o amor do desencontro
a paixão por quem não existe
a suplica de quem tanto peca
a fé que me acredita,
a esperança que me penetra,
o que dita minha alma velha,
a memória de minha criança,
o que eu de mim confesso,
voz de Deus,
alento para que me vença,
ostentação de um pobre espirito
um clamor da consciência....

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Histórias

Qualquer história tem um fim.
Em algumas, custa a lá chegar.
Não é relevante que tenham um final feliz,
mas frustrante, quando tudo era tão óbvio,
e nunca se quisera imaginar, assim.

Porque se acreditou sempre em outro desfecho,
por haver motivações contraditórias,
muita sedução,
promessas de amor...
Nem que fosse o que ficasse por contar,
mas haveria sempre qualquer coisa que se seguísse,
concretizasse,
nos desse esperança,
de moralizante,
mesmo que nunca tivesse sido mencionada.

Tão catastrófico e desumano,
tão pouco inteligente,
para ser contada pelo Homem,
como se nunca soubera inovar o bem
e fosse constantemente obrigado a repetir-se nos mesmos erros.
 
 
"Histórias"
dedicado à Angela e todos os fazedores desta História, para que entre 13 de Julho e 29 de Agosto a recriem ou ditem um ponto final em finais de Outubro e seja Novembro já outro parágrafo e o Senhor do Tempo nos dê outra pontuação.

Romã e árvores

 
Esta união, de facto,
que se desfaz,
como estrelas que não encontram céu,
de mãos não dadas,
de laços e tratados mal apertados,
de parentesco sem raízes,
de intuitos sem fé,
de ideologias desconcertadas...
Espera a derrocada,
que seja pretexto
à liberdade suprema,
como península,
que se quebre
em ilha
e navegue aos mares do possível
e de futuro.

Consagra-me o destino:
um irmão de sangue,
que nossas casas sejam geminadas
até à alma,
que outros virão
unidos pela palavra
e ao coração de todas as histórias...

Persiste uma flor,
ao efeito de quaisquer ventos,
enlaçada ao bordão da esperança;
quer ser romã
e árvores.

E eu,
por vontade de todos,
também serei.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Cântico do Incentivo

Cântico que em mim soas,
me soas à flor do ouvido,
como quem procura a morte,
sem nunca ter nascido.
Bailas no pensamento
acendrado, no intróito
com um brandão rafado,
escopo de um sentido,
por mim desejado,
em mim amado e veraz .
Esgueiras-te
por entre os sons
que o vento traz,
confluindo eu,
para não te deixar de ouvir,
ao centro da minha alma
aljube e vil,
e a mim te vinculo,
pois sempre no tempo
essas vozes hão-de haver.
Estruturado és em pugna
entre a morte e a vida,
entre todo o homem e a guerra,
entre a fome e a paz…
Com um brandão rafado,
escopo de um sentido,
cântico que em mim soas,
me soas à flor do ouvido..

Espetaculoso

Alguém que nos foi especial,
único,
espetaculoso,
jamais deverá ser vivido como um espetáculo.

A alegria maior advém da contemplação
da essência do que advém também da impessoalidade,
nunca das vanidades do involucro no singular.

Porque tristeza,
é a miséria de quem tudo julga quase possuir
mas não sabe
ou pretende dividir,
porque nada lhe chega
para que se sinta alguma vez valioso
e vivo.