quarta-feira, 23 de abril de 2025

O Voo do Acrobata

 

Quando o corpo se curva contra a gravidade,

e os pés se tornam nuvem,

o acrobata sorri,

pois sabe que o céu se alcança com as mãos no chão.

 

No movimento, a vida se desvela,

como uma dança onde o equilíbrio é apenas ilusão,

e a alma, ao se lançar para o abismo,

descobre que a queda é apenas o início de um voo.

 

O mundo vira espelho de cabeça para baixo,

os horizontes já não são linha reta,

mas caminho serpenteado entre os dedos do tempo,

onde o salto não é fuga, mas ascensão.

 

Cada giro, cada movimento,

uma acrobacia do espírito que, ao se perder,

encontra a sua verdade.

O corpo se estira,

a mente se alinha,

e o voo não é feito de asas,

mas da coragem de se lançar ao impossível.

 

O acrobata é aquele que, sem redes,

mira as estrelas

e se lança ao vento,

sabendo que, para alcançar o divino,

é preciso ver o mundo de outra altura,

com os pés para o céu

e a cabeça na terra.

 

A vida, como um grande espetáculo,

é feita de saltos, tombos e piruetas,

mas no final, quem dança não cai,

apenas se eleva.

 

 

 João Marques Jacinto

 

 

 

 

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