sexta-feira, 14 de junho de 2013

Sol de Todos


Há uma Lua, em Nós,
que outrora nascera
e era dia,
mergulhada num pântano
cerrado de medos e (des)ilusões.
E nela, espelha-se  
abaixo do horizonte,
já posto,
o Tempo enraizado,
firme na convicção
de que perdurará aquele momento.
A Lua quase apagada
de tanto morrer
é surpreendida com o tempo do Tempo
que se desprendeu da terra do ouro
para lhe tocar com uma noite quente
e um último beijo.
E fundem-se na inquietude,
para que se salvem almas
e um novo Tempo descenda.

Tudo tem um termo
para que haja a sorte
do Sol de todos.


24-06/22-07

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Pobreza


Pobreza
é a noite mais escura
onde se possa mergulhar,
quando há tanta porta
e janela por abrir,
para que entre gente
e Luz.
Não há pecado maior
do que viver só
e na escuridão,
sem querer rasgar, com esperança,
a mais bela das madrugadas
e partilhá-la com amor
com quem mais precise.

Apenas sou...


Não posso querer
o que nunca será para mim,
nem crer
no que não me foi consagrado.
Deixar-me-ei vestir
pelo que me sirva
e assente bem,
como se me sentisse nu
e descalço,
e assim me conhecesse melhor
e também sentisse o chão
que me nasce debaixo dos pés,
porque nada me pertence,
nada possuo,
apenas sou, o que possa valer,
pelo que faça, nesta Viagem.

Idealidades


Antes, era moço,
e sonhava.
Agora, resta-me esperar
que algum de meus mui sonhos
afinal se concretize,
para que até ao fim
possa crer, que valeu a pena
ter idealidades
E, quiçá, ainda sonhar.

Viver é bom
quando iludidos, como crianças,
mas a primavera também tem fim
e a realidade, depois do outono, é dura,
e nem todos sabem brincar com simplicidade,
seja em que estação for.

Escravidão


Fora abolida a escravatura
para dar lugar à escravidão.

 E não há preço
que resgate a liberdade.

Sou um dos donos a quem me pertenço
viciado a viver como alguns, de todos.

E os caminhos são cada vez menos
e mais estreitos.
E os indómitos mais ferozes.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

A personagem de nosso drama


Cada um representa os seus papéis
para se esconder de sua vida real.

E quanto mais se encena
mais se esquece quem é
e de como é capaz de brilhar melhor
no palco que lhe pertence.

Todos somos bons atores,
mas cabe-nos o papel principal;
ser a personagem de nosso drama,
a que o Encenador ditou.


terça-feira, 21 de maio de 2013

Ser O Todo


O Assolador
vai no encalço das vítimas
como inócuo
ou prejudicado,
na exatidão do que planeia.

Não há mal,
que não se arme em bem.

E o bem nasce da Sombra
a todo o instante
e se transmuta em Luz
e revela na dor
sem queixume.

Há que ser o Todo
para que se escolham
quais as partes.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

A mentira...


A mentira
exibe-se  
por entre meias falsas verdades.

A verdade
nunca vem ao de cima,
mas sim o que possa justificar
nossas dúvidas.

O que importa
é o decifrável
à sobrevivência,
no tempo.

E com o tempo
tudo se clareia,
quando já pouco interessa.

 

quinta-feira, 9 de maio de 2013

É o Medo que nos faz diferentes

Conhecemo-nos tão mal.
E o pouco que sabemos de nós nos convence,
que entendamos quem, já somos!
E quanto mais compenetrados,
mais iludidos!

Temos um corpo,
mas somente o que o reveste
e o caracteriza
contemplamos.
E pensamos tanto
sem nunca saber,
o que nos faz pensar
e obriga a viver.

É o Medo que nos faz diferentes;
a Mãe é a mesma!

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Ser o Amor

Amo-me,
quero-me demais,
talvez pela Sombra de mim,
onde nunca me alcanço,
e convenço-me
de somente amar,
como não causar dor,
quem também finge que me ama,
por igualmente se gostar tanto
e sofrer de desamor.
E quando, jamais temer a solidão,
talvez me encontre na pura afeição
e atraia quem, também, já se venceu no ego.
E então, fundir-nos-emos, livremente num só corpo,
vibrante de sentidos
e do que mais inventarmos,
e atinjaremos a grandeza da uma só Alma,
desnudada de tudo,
despreocupada com todos.

Jamais desejarei amar,  
ter quem me ame,
apenas, quero ser o Amor.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Não sei ainda quem sou


Não sei ainda quem sou.
Ainda não me conclui
no fado que me leva de passo em compasso
à última nota do canto ínfimo de mim.
A todo o instante me descubro
no que me peça, para que faça;
cedendo às emoções que mais me despertem,
para que me, seja um pouco mais,
transmute estimulado ao que me suceda, mesmo que tema,
e sinta mais perto do que me desejo e sinta
e não ao que sempre me fizeram crer, que seria e/ou deveria sentir.

Dói-me ter de sair do ventre do mundo dos preconceitos,
tal como do de uma mãe; as dores pelas contracções antes da Luz…
E esta gestação não tem tempo que se conte…
Serei eu que me haverei de parir de coragem
e com a vontade maior de ser autêntico e maduro,
quando o momento em mim assomar
e não couber mais, de tantas inverdades,
na alma, ferida, da essência.

Quantos, já morreram,
sem nunca terem (re)nascido,
apodrecidos de tanto se fingirem ao espelho,
sem nunca terem olhado para além de sua(s) persona(s)
E incrédulos permanecem, sem alcançar,
de que por haver o direito à igualdade
é porque todos temos o dever de ser diferentes
e que cada qual deverá ser único no melhor e pior de si, sem prejuízos,
mas no benefício da (r)evolução?

sábado, 30 de março de 2013

Não é difícil ser feliz

Ser feliz é
ser-me aqui, agora mesmo,
sem que, tenha pressa em adiar-me,
de correr para a morte,
ou olhe para trás,
como se lá estivesse o que me falte.
Esquecer-me do medo
e não me sonhar mais do que, o que me consiga,
deixar que o Amor me arrebate,
em vez de querer possuir o que me compense
do que não sei ser de mim.
Ser livre até onde me possa alcançar
e sentir o que mais me dê prazer,
sem que me aflija.
Ter o Universo inteirinho em mim,
sem que nada me pertença,
mas tudo usufrua.
O encontro de todos os Eus
sem que nenhum minta
e sejamos alegria...

Não é difícil ser feliz,
mas acabo quase sempre por, seguir,
pelo caminho, que julgo ser mais fácil,
errar.
Falta-me coragem de transparência,
sobre-me vicios à vontade
e tenho desejos inexplicáveis...

Humanamente, erro,
por entre as leis da física e a química;
me confundem.
E lentamente progrido,
há séculos,
sem que ainda saiba os códigos do génesis.

De que serve a fé,
sem que se concretize o milagre?
 

sábado, 23 de março de 2013

Um só Rei






















Muitos Céus,
uma só Terra.
Muita vida,
poucos reinos.
Muitos homens,
um único Povo.
Muitas culturas,
um só Rei.

E ainda muitos enigmas
para o tempo,
a morte
e o fim.

E a Acácia do primus Jardim, ainda está florescida .





Imagem/Leão de Judá
 

segunda-feira, 18 de março de 2013

Primavera

Muitos me olham
e poucos me veem.
Outros já não me (re)conhecem.
Muitos se esqueceram de minha existência.
Eu também me resguardei de mais,
como se o frio do inverno me fosse fatídico,
e houvesse porta sem fechadura,
para que da casa de mim, nunca saísse.

Mas já faltam poucos dias
para que o Sol se cruze em outro desígnio
e se eleve no Céu como Primavera da promessa ,
e me nasça um tapete de lírios brancos,
e flutue eu no seu doce aroma,
e haja um abóboda de azul celeste,
para todos os voos de chilreados cânticos
e muito amor para quem vier a habitar o próximo jardim.

Que seja veste o tempo ameno
e que a humanidade nunca mais se faça noite
e haja sempre luz para o sofrimento,
e me construa eu nuvem sem qualquer vento,
me evapore no coração de toda a arte do ser,
e me sintam como se fosse a borboleta que anuncia
o renascimento, que se exclama da Mãe-Terra,
a que sai no meio do Universo.

 

quinta-feira, 14 de março de 2013

Fotografia

Trabalho a fotografia.
Aprimoro a imagem,
de modo a que pareça perfeita,
e sem idade…
O negativo permanecerá,
e será sempre o que retratou o possível,
o instantâneo momento.
E dele se poderão fazer outras reproduções,
utilizar novas técnicas,
criar ilusão...

Haverá , no entanto, sempre uma fotografia
de cada ensejo, bem guardada,
normalmente é a primeira,
a que nunca foi retocada,
intemporal,
a melhor,
a mais autêntica,
mesmo que desfocada
e com grão.

domingo, 10 de março de 2013

Legado


Não pretendo lutar mais, contra os inimigos,

vencer  quem conheça eu as fraquezas,

combater contra as ameaças que me queiram ferir o ego…

O meu único adversário serei eu

em todas as Batalhas,

e comigo guerrearei até encontrar a paz;

o único legado que valerá a pena deixar a este mundo.
 
Assim tenha eu tempo para resolver os conflitos
 
que me estão nos genes

e conseguir ser suficientemente livre 

para que nunca me deixe tentar

e saiba conquistar a prima individualidade.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Marioneta


Quero ter o sonho que me acorde,

a esperança que me mantenha vivo,

a ilusão de que valho,

a fé para que me acredite

e as dores naturais do crescimento…

Quero ser eu,

se souber o que ser ,

enquanto houver tempo que me conte,

e na lucidez que me compromete,

e com a força, para que me habite, que persiste...

E tantas vezes, que me sinto uma marioneta,

sem saber ao que sirvo,

quem me mexe

e onde tudo acontece,

que quaisquer coisas que pretenda querer

será sem querer,

apenas por almejar humildemente crer

que haja o que me complete

no Amor que ainda busco.


 

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Lucidez


Procuro sempre a explicação mais simples,

ou negá-la ao que me pesa.

O confronto com o que é real

é o caminho para a liberdade, que se reza,  

que leva à individualização que salva

e à ausência das expectativas que magoam,

até se gastarem as palavras

que dirijo sobre os outros,

mas que só de mim tudo dizem.

Serei o que em mim houver

até que não mais me (re)veja,

apenas sinta a vida

e me deixe acontecer,

sem medo de ter fim,

porque já fui tanto até viver

que alguma coisa subsistirá,

depois…

Só importa o que me cabe cumprir,

ter alguma lucidez

e sensibilidade na planta dos pés.
   

 

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Compito


Compito comigo,
com o outro,
com o que me é igual,
pelo diferente.
É um instinto ancestral,
animal,
que compete com o intuito de se ser racional,
impessoal…
Compito com o Animus,
pelo feminino mais profundo da humanidade, em mim,
para que sobreviva à obrigação de justificar,
da perpetuação…
Compito até ficar exausto de nunca me vencer
e aceitar o Self maior da minha natureza
e sossegar
e haver uma verdade pacifica
para a existência
e o amor que me revolucione.
Compito até merecer todo o universo
que me saiba
e em mim caiba.