quinta-feira, 24 de abril de 2025

Vozes Maliciosas

Podes saber deveras,

mas nunca preverás que chegue,

enquanto bravateares

e pouco conceberes ouvir,

porque essa avidez jamais assentirá

do que ainda há para ser dilucidado.

 

Não possibilites às frustrações

que te cerrem e obstruam a lucidez para com os vivos,

e não digas dos outros

o que imperfeitamente de ti resulta.

 

É obsceno como olhas para quem em ti se constrói como inimigo

(o mal habita viciado em ti)

e cobiças a coroa que supuseste nele,

a que se ajustaria com esmero no cimo de teu tão enaltecido poderio.

 

Ainda crês na tua proficiência,

quando sempre maior foi a pretensão

do que assistir,

ignorado de te deixares temer

por aquele que mereceu

e lidera o mar.

 

Há por aí maliciosas vozes.

Maliciosas.

Palavras maliciosas,

maliciosamente cuspidas

no âmago de quem acoitou,

em que a discórdia não age de testa à vontade

e se fazem timbrar nos escombros obscuros

da cegueira dos puros,

é claro.

E iminente, está, minar as certezas construídas,

engendrar o apavoramento,

cursar maledicência,

exclamar vãs promessas

vozes de quem nada ainda demonstrou.

 

E no desnorteio do que se possa forjar para enganar,

para que se venha a auferir o assento e a urbe,

e o domínio

e imperar

com demais sobrantes,

os desanichados deste maquiavelismo pacóvio,

como se a intelecção à verdade vencesse

e os que chefiam não fossem homens cônscios e de querer.

 

Há por aí maliciosas vozes.

Maliciosas.

Palavras maliciosas.

Maliciosamente

ambiciosas.



João Marques Jacinto

 

 

 

 

 

 


Sem comentários:

Enviar um comentário