Quero parar com esta roda da fortuna,
que me é tão lenta, num ranger de pesada.
Quero viver na simplicidade de uma história,
abundante em afetos não forçados, sem dor,
com as fadas da minha memória,
num lugar longínquo no tempo,
onde possa inspirar a refrescante brisa
e descansar num lençol de areia,
ao som do beijo das ondas,
perfumado de azul e algas,
numa tarde de final feliz.
Sem ter medo
da passagem, ao relento,
sob o breu de uma noite despida
de estrelas e luar,
para o infinito e iluminado dia.
Não sou o principal,
mas o duplo de confundíveis identidades,
comportamentos
e argumentos falidos de diálogo,
por entre as cores nítidas da vida,
cenários paradisíacos,
em desejos e sonhos idealizados.
No descontentamento de mim,
contraceno em esquerda alta,
com o abandono austero do interesse,
e acabo esmagado por uma plateia
de amadores expectantes.
Ainda presa, no palco dos reinantes,
ofegantemente respiro por um fio,
faltando-me a navalha da coragem.
Caia o pano,
e finde de vez esta última ceia.