Habito três vezes o meu nome
e nenhuma delas me basta inteira.
Fui João, o que caminha com o peito exposto,
com sede nas mãos e olhos que recolhem o sal do mundo.
Sou aquele que assina, que responde ao chamado da terra
com o corpo todo.
Mas dentro de mim, dois outros me sustentam
como colunas invisíveis de um templo em chamas.
Eshar,
o que escuta o sopro antes do vento,
o que vela os segredos sob a pele das palavras.
Ele é o silêncio que arde,
a noite que ora,
o nome que não se explica.
Ariel,
pluma e fogo,
mensageiro entre estrelas e raízes.
Ele canta quando durmo
e sonha por mim o que ainda não ouso viver.
É o guardião do que voa dentro do que sangra.
Sou um
mas nunca sozinho.
Sou João,
com Eshar nos ossos e Ariel nos pulmões.
E cada gesto que dou no mundo
vem da seiva cruzada dos três.
Não me procurem num só nome,
sou a tríade viva
em rito de ser.
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