quarta-feira, 7 de maio de 2025

No Fio da Dança

Avança, a brisa morna,

como quem regressa de um sonho antigo.

Traz nos passos uma seiva quente,

que escorre leve sobre a pele e a memória.

 

É tempo de florir por dentro,

de escancarar as janelas ao riso,

às palavras que se escrevem sozinhas

na margem das manhãs cúmplices.

 

O coração inquieto,

dança entre a coragem e o espelho,

entre o desejo de correr nu no campo

e o som profundo de uma voz que pede contenção.

 

Haverá luz, sim, nos olhos dos outros,

e um reflexo novo no olhar dos dias.

Mas também o instante onde o orgulho se desafia,

e o toque que fere sem querer.

 

Entre o palco e o abismo,

entre o salto e a raiz,

desenharás com os dedos

os contornos do que é teu.

 

E quando o verão anunciar trabalho,

no silêncio das horas pequenas,

lembrar-te-ás:

que foste, és e serás

esse gesto de beleza em fogo,

que não teme dançar,

mesmo quando os pés doem.

 

 

 

 

 

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