Não és grito,
nem força que se impõe.
És o passo que avança
sem exigir certeza.
Sinto-te como chama breve,
nascida do escuro,
não para queimar,
mas para aquecer o que tremia.
Não se trata de vencer,
mas de permanecer.
Não de dominar,
mas de tocar o medo
com mãos inteiras.
Tenho medo,
do que chega sem nome,
do que não vejo
e do que sei demais.
Mas a cada medo,
um espaço se abre,
onde o passo pode pousar.
Não precisas crescer.
Basta que existas
no fio do meu olhar,
a lembrar-me que posso
respirar ainda.
E mesmo quando não corro,
quando tudo em mim hesita,
és a firmeza que me sustém
no fundo do meu próprio ser.
Não me peças força.
Sê apenas gesto,
o gesto que me leva,
um passo de cada vez,
como o vento que passa,
sem pressa,
e sabe.
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