quarta-feira, 7 de maio de 2025

Prece do Corpo (na primeira pessoa)

Corpo,

não te digo, és meu.

Sou-te.

Sou-te inteiro,

desde o primeiro pulsar.

 

Não és carne,

és cosmos.

Fábrica secreta

de tudo quanto sou

e ainda ignoro.

 

Em ti,

cada célula

é um reflexo de estrelas.

Cada dor,

uma memória antiga

do que fui,

ou do que hei de ser.

 

Não me expliques.

Respira.

Sê presença.

 

Quando falhas,

não te acuso.

Quando tremes,

sustento-te.

 

Tu és o meu chão

e o meu voo.

A tua finitude

não me limita.

Amplia-me.

 

E se um dia

te desfizeres,

sei,

terei habitado

o infinito.

 

 

 

 

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