Há uma sede no ar
que não se sacia.
Esta Lua,
de olhos fundos,
espreita-nos, em cada gesto do céu,
como quem procura ferida
onde plantar flor.
Os dias não deslizam,
roçam-se.
As palavras não fluem,
sorvem-se como vinho denso
num copo demasiado inclinado.
Tudo pede um ajuste impossível,
como dançar num chão enviesado
com sapatos de sola acabados de estrear.
Mas, no meio do turvo,
um lampejo:
o inesperado leve,
a graça sem esforço.
Um toque,
uma beleza que não hesita.
E esta Lua permanece,
sem desistir,
até que uma luz
lhe confirme.
(14 de abril de 2025 - Poema inspirado na configuração celeste deste dia –
posição dos planetas e aspectos)
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