quarta-feira, 7 de maio de 2025

Esta Lua

Há uma sede no ar

que não se sacia.

Esta Lua,

de olhos fundos,

espreita-nos, em cada gesto do céu,

como quem procura ferida

onde plantar flor.

 

Os dias não deslizam,

roçam-se.

As palavras não fluem,

sorvem-se como vinho denso

num copo demasiado inclinado.

 

Tudo pede um ajuste impossível,

como dançar num chão enviesado

com sapatos de sola acabados de estrear.

 

Mas, no meio do turvo,

um lampejo:

o inesperado leve,

a graça sem esforço.

 

Um toque,

uma beleza que não hesita.

E esta Lua permanece,

sem desistir,

até que uma luz

lhe confirme.

 

 

 

 

(14 de abril de 2025 - Poema inspirado na configuração celeste deste dia – posição dos planetas e aspectos)

 

 

 

 

Sem comentários:

Enviar um comentário