Lapido a imagem com dedos de luz,
disfarço o tempo,
dou-lhe a eternidade de um rosto sem rugas.
Mas o negativo, esse segredo velado,
guarda o que foi possível,
um fragmento real, ainda por revelar,
a sombra exacta do que houve.
Dali brotam reflexos, miragens,
novas camadas de sentido,
como máscaras de um mesmo rosto,
ilusões impressas no papel do olhar.
Contudo, de cada momento,
há sempre uma essência,
bem oculta,
geralmente a primeira,
nunca tocada,
a que traz o grão do silêncio
e o desfoque da verdade.
Essa é a mais real,
porque não quis ser perfeita.
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