Há um rio a crescer em ti
feito de águas antigas
e promessas que o tempo nunca esqueceu.
Do fundo, sobe uma luz lenta,
não é farol, nem relâmpago,
é brasido escondido,
calor a amadurecer destino.
Júpiter acende o que tu és
sem pedir que expliques.
Amplia-te.
Dá-te espaço, mesmo nos silêncios.
Saturno, velho escultor,
aproxima-se de tua chama criadora.
Vai ensinar-te a dar corpo
ao que antes era apenas desejo disperso.
Não para te prender,
mas para que o gesto permaneça.
Úrano sussurra ao teu Plutão:
chegou o tempo de mostrar
a beleza que resiste.
Não pela forma,
mas pela força que ela contém.
Neptuno, à porta nova do fogo,
oferece-te véus e visões.
Mas cuidado:
segue a tua verdade de água e sal,
não as miragens do vento.
O mundo não precisa que reveles.
Precisa que vibres.
Que deixes os teus passos
molhar a terra com sentido.
A bússola é o teu peito.
O resto,
o céu, as palavras,
e a luz que atravessa os dedos
são apenas ecos do que já sabias.
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