Que o silêncio onde agora habito
não seja ausência,
mas ventre.
Que esta sombra sobre os meus ombros
seja capa,
não prisão.
Que os meus ossos cansados ao cair da tarde
não esqueçam,
como se dança no meio da tempestade.
Que a dor de não ser ouvido
se transforme, um dia,
no eco que alguém escuta e compreende.
Que aquilo que julgo perdido em mim
ainda viva,
sob o lodo.
Que o amor que me falta no toque e no corpo
não seja só promessa,
mas caminho.
Que me chegue um olhar que veja
até aquilo que escondo de mim mesmo.
E que, quando voltar a rir com a boca cheia
de vinho, ou sal, ou espanto,
me lembre que foi daqui,
deste escuro,
que renasci.
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