quarta-feira, 7 de maio de 2025

Colheita Subterrânea

No silêncio húmido da raiz,

um véu denso vibra,

não de sombra,

mas de promessa que ainda ferve sob a terra.

 

A boca do mundo abre-se em segredo

quando os olhos dormem.

Ali, o coração tacteia

os veios ocultos da flor que não se apressa.

 

Um gesto fino, quase

impercetível,

une os lençóis do desejo à memória.

O toque não corta: revolve.

 

Tudo é húmus.

Tudo é sede recolhida

num corpo que não grita,

mas escuta a dança lenta

do que em breve se erguerá.

 

E há beleza nessa contenção.

Uma beleza de ventre

que sabe o tempo do relâmpago

e ainda assim escolhe o gotejar.

 

 

 

 

 

(15 de abril de 2025 - Poema inspirado na configuração celeste deste dia – posição dos planetas e aspectos)

 

 

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