quarta-feira, 7 de maio de 2025

À Porta do Invisível

Não sei ao certo que hora é esta.

Se é meio-dia ou madrugada,

se o céu se rasga ou se recolhe.

 

Sei que é agora,

porque dentro de mim algo se abriu.

 

Este lugar nasceu do nevoeiro e do silêncio,

como quem sussurra ao vento

um segredo demasiado antigo para se calar.

 

Não é uma vitrine.

É uma casa sem paredes,

um lugar onde as palavras ardem devagar

e a beleza acontece com as mãos sujas de sombra.

 

Se vieres, vem inteiro.

Traz o teu medo, a tua febre,

e essa dança que ninguém ensinou.

 

Aqui, cada poema é uma escuta.

Cada silêncio, uma oferenda.

 

Não se abre uma porta ao mundo —

é o mundo que se inclina, por um instante,

a escutar o que já ardia cá dentro.

 

 

 

 

 

 

 

 

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