Não sei ao certo que hora é esta.
Se é meio-dia ou madrugada,
se o céu se rasga ou se recolhe.
Sei que é agora,
porque dentro de mim algo se abriu.
Este lugar nasceu do nevoeiro e do silêncio,
como quem sussurra ao vento
um segredo demasiado antigo para se calar.
Não é uma vitrine.
É uma casa sem paredes,
um lugar onde as palavras ardem devagar
e a beleza acontece com as mãos sujas de sombra.
Se vieres, vem inteiro.
Traz o teu medo, a tua febre,
e essa dança que ninguém ensinou.
Aqui, cada poema é uma escuta.
Cada silêncio, uma oferenda.
Não se abre uma porta ao mundo —
é o mundo que se inclina, por um instante,
a escutar o que já ardia cá dentro.
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