Que o desejo que me resta,
mesmo exausto,
não se apague.
Que o que ainda arde em mim,
mesmo em brasas,
seja ouvido.
Que o corpo onde habito,
ferido, lento, calado,
ainda saiba tremer de espanto ou prazer
quando tocado com verdade.
Que a beleza me encontre,
mesmo nos lugares onde nunca a procurei.
Que a vida, essa vadia imprevisível,
ainda me surpreenda com alguma ternura
onde só esperava mais um golpe.
Que eu não me feche antes do tempo.
Que eu não me apague antes da luz.
E que, mesmo que tudo em mim se sinta cansado,
eu ainda saiba dizer:
sim, estou aqui.
Ainda sou.
Ainda quero.
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