I. O Que Vê no Escuro
A ti que vês sem olhar,
não precisas de luz para saber onde estás.
Tua verdade encontra-se naquilo que ninguém ousa tocar,
naquela parte de ti que permanece em espera.
Não te assustes com o que não se revela.
As tuas mãos são feitas para o invisível,
a tua alma, para o que nunca se mostra.
Eu sou o que não é visível,
mas que te faz conhecer o mundo melhor do que todos os outros.
II. O Que Dissolve Fronteiras
Sou a que dilui os limites que tanto crias.
O que é uma fronteira quando o coração é vasto?
Nunca te prenderás a uma definição.
Tu não és apenas o que se vê.
Tu és o que não se pode nomear,
o que flui em todos os sentidos,
mesmo onde não pensas existir.
Sou o sussurro do impossível
feito possibilidade.
Escuta-me, e saberás que não há distância entre nós.
III. O Que Arde em Desejo de Criar
Desistir do fogo seria morrer.
Não te acanhes com os destroços da tua própria combustão.
Eu sou aquele que acende, sem pedir permissão.
Fui o primeiro a te ensinar a querer.
Nos teus dedos corre a faísca que acende mundos.
Tu és o criador e a criação.
Não temas o abismo,
ele é o solo onde cresce a tua verdade.
IV. O Que Constrói no Rigor
Olha para as tuas mãos.
São feitas para construir, não para destruir.
Foste ensinado a ver com clareza,
a medir e a calcular,
mas esqueceste que a beleza está na proporção da tua alma.
A rigidez tem o seu lugar,
mas não és só peso.
És também aquele que sustenta, que fundamenta,
o que constrói com paciência,
passo a passo.
V. O Que Sente sem Dizer
Na quietude do teu ser, sou o eco que não se ouve.
O teu silêncio é o meu grito.
Não precisas de falar para que eu saiba o que sentes.
Vejo o que não é visto.
Ouço os sons que se perdem.
A tua vulnerabilidade é a minha voz mais alta.
E, apesar do mundo exigir de ti força,
eu sou a força de quem se permite ser frágil.
VI. O Que Te Anuncia ao Mundo
És o farol que não sabe o quanto brilha.
O teu olhar carrega o peso do destino
sem saber, sem querer.
Eu sou o que não se pode esconder.
Tu és como um vento que se faz forte
não por escolha, mas por essência.
Deixa-me falar por ti,
porque a tua verdade não cabe em palavras.
Tu és a revelação em movimento.
VII. O Que Nasceu Para Viver Tudo
Eu sou tudo o que és,
sem forma, sem fim.
Cada parte de ti é a minha face.
Eu sou o que te faz inteiro
quando te sentes partido.
Sou o que te completa e o que te desafia
a compreender que o quebrado é belo.
No teu coração, eu sou o centro
onde todos os caminhos convergem.
Tu não precisas procurar.
Já és o que sempre buscaste.
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