Há um rumor no ar.
Não é o vento,
não é a cidade,
é um eco no corpo calado
de todos os que sentem.
Andamos feridos de pressa,
à procura de um nome
que nos devolva à casa.
Mas a casa já não é onde era.
E nós já não somos os mesmos.
As mãos tremem com a fome antiga
de pertença e de propósito,
mas as palavras que nos ensinaram
já não servem.
Então, o céu,
não como resposta,
mas como sinal;
um mapa de fricções,
de arestas que se pedem limadas,
de vontades que se atritam na carne.
Há amor a tentar nascer
mesmo onde tudo parece desalinho.
Há vozes a sussurrar
mesmo quando a surdez se mascara de certeza.
E há ainda
os que escutam.
A esses, digo:
o fogo não é só destruição.
É também claridade.
E o medo não é sentença —
é só o corredor antes da escolha.
Escolhe.
Com o coração inteiro.
Mesmo cansado.
Mesmo em pedaços.
Porque só quem ousa
pode rasgar o nevoeiro
com a luz de dentro.
(18 de abril de 2025 - Poema inspirado na configuração celeste deste dia –
posição dos planetas e aspectos)
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