quarta-feira, 7 de maio de 2025

Os que ainda escutam

Há um rumor no ar.

Não é o vento,

não é a cidade,

é um eco no corpo calado

de todos os que sentem.

 

Andamos feridos de pressa,

à procura de um nome

que nos devolva à casa.

Mas a casa já não é onde era.

E nós já não somos os mesmos.

 

As mãos tremem com a fome antiga

de pertença e de propósito,

mas as palavras que nos ensinaram

já não servem.

 

Então, o céu,

não como resposta,

mas como sinal;

um mapa de fricções,

de arestas que se pedem limadas,

de vontades que se atritam na carne.

 

Há amor a tentar nascer

mesmo onde tudo parece desalinho.

Há vozes a sussurrar

mesmo quando a surdez se mascara de certeza.

E há ainda

os que escutam.

 

A esses, digo:

o fogo não é só destruição.

É também claridade.

E o medo não é sentença —

é só o corredor antes da escolha.

 

Escolhe.

Com o coração inteiro.

Mesmo cansado.

Mesmo em pedaços.

Porque só quem ousa

pode rasgar o nevoeiro

com a luz de dentro.

 

 

 

(18 de abril de 2025 - Poema inspirado na configuração celeste deste dia – posição dos planetas e aspectos)

 

 

 

 

 

 

 

 

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