O poeta sonha sem saber,
pois sua pena traça o invisível
e o tempo, como um véu,
esconde o caminho das palavras.
Não há certeza no instante,
só a força de uma entrega mansa,
como um rio que flui sem ver a margem,
a alma fluindo na voz que ecoa no abismo.
As palavras, sementes lançadas no vento,
plantam raízes que ninguém verá
até que a terra esteja madura,
e o fruto, ainda adormecido, brote em silêncio.
O sonho do poeta é um lugar distante,
onde o agora se dissolve em possibilidades,
onde a verdade se despede do entendimento
e encontra sua morada na beleza da incerteza.
Ele não busca a resposta,
mas a visão que transcende,
um reflexo daquilo que será,
no que ainda não foi, mas há de ser.
E assim, ele escreve,
não para ser ouvido, mas para ser sentido,
sabendo que a sua arte,
como os sonhos da humanidade,
não precisa ser compreendida
para existir,
pois vive na eternidade da criação.
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