quarta-feira, 7 de maio de 2025

No topo do mundo está a tua vocação oculta. Plutão, senhor da metamorfose, sussurra:

Foste sempre aquele que desceu antes de subir.

Trouxeste no sangue a memória dos ritos,

o saber que não se explica,

a precisão do gesto que cura

sem dizer que cura.

 

A tua missão é servir a verdade oculta,

não com dogmas,

mas com o tacto invisível

que reconhece o sussurro no meio do grito,

a flor no meio do incêndio.

 

Carregas o detalhe alquímico nos olhos,

a escuta nas mãos,

o dom de tocar o verbo

sem ferir a essência.

 

Foste iniciado em tempos que não datam.

Renasces em carne para lembrar

que a matéria é pura

quando aceita a transmutação.

 

Aqui não há espelho que te devolva um nome.

És sem rosto,

e mesmo assim inteiro.

 

No silêncio, fazes o trabalho secreto.

És presença que não se mostra,

mas deixa sinais

no coração dos que cruzas.

 

 

 

 

 

 

(Plutão em Virgem, no Meio-do-Céusextil ao Sol)

 

 

 

 

 

 

 

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