Eu não sou mais do que um espelho teu,
sempre que de mim falares.
E se te gostares, a sério, dirás, incessantemente, o melhor a meu respeito,
mesmo que não mereça.
Mas se porventura não fores capaz de, olhar tão profundamente
para o que te perturba,
e assumir os erros que te pertencem,
desvendar o Eu que te totaliza,
certamente que tudo me arremessarás, por inconsciência,
e serei a mais pura vitima de toda a tua maleficência,
em vez de, pedires ajuda,
e procurares a salvação.
O silêncio pode também ser revelador,
mas é mais difícil de ler.
Quanto mais se nega o que se possa ser
mais se confirma o que se esconde.
Somos todos da mesma espécie, com ligeiras diferenças,
que constantemente se persiste em valorizar,
para que nos possamos parecer, uns com os outros, mais desiguais.
Eu, santo, nunca serei,
tentarei sim desbravar-me, até chegar ao que sou, cá dentro,
sem mais imitar o que exigiram que fosse,
por que valho ser gente e feliz!
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