Depois de tanto
e desesperadamente
te justificares
como, agora, consegues,
esgotado o argumento,
e sem haver público que te sustente
viver, em silêncio, de pé,
em cima de uma cadeira,
com a amargura de tuas respostas,
a sós contigo,
no palco de tudo o que aconteceu?
Já não tens refúgio
na agressão vinda de fora,
nem palavras que te magoem,
nem feridas que maquilhem
a inocência com que te mascaras,
nem aplausos que te iludam.
Já não tens mais espaço em ti
para tanta encruzilhada,
nem esperteza para toda a imaginação.
Já não há espelho que te engane,
nem vergonha que não te confronte
a todo o tempo em que te pensas
e te debruças sobre o desejo de amanhecer.
E teimas em te fingir
de sobrevivente imbatível,
sempre desertor do que incomoda e trai,
em não morrer no abandono que te persegue,
em esconder o que não te pertence,
nas histórias que te contaram.
As outras melancolicamente guardas,
sem as querer ouvir,
para que nunca sejas tu
te descubras na loucura,
e te conheças na responsabilidade.
Como consegues ainda
te equilibrar em cima da cadeira,
para que melhor te vejam e te admirem
todos os tristes que dominas,
quando estás dentro de um poço,
onde nem um fio de luz cai?
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