Não sei quem, visto,
me possui e rege,
mostra o abismo e liberta,
ajuda e castra,
se anjo, homem ou mulher,
inocente ou ruim,
rico ou asno,
velho ou recente…
Muitos são,
sem que os admita
e tente contar.
Mas, quantos mais nego,
mais esses em mim estão,
como se fosse menos eu
do que eles,
tivesse de os saber
e vencê-los,
até chegar a mim,
outro que, não este(s),
não sei se me habita
já o futuro como presente,
conquisto a todo o momento
entre reputações e reveses,
temendo e desejando;
sofrendo,
amando.
Por que sem mim, houvera,
a intenção de, ou tê-los sido,
sem que se saiba ao certo,
e quiçá um dia serei eu todo,
também vós
e outros eternamente,
até mais além.
E tudo seja sagrado
por sempre o ter sido,
sem que se engane
e fuja.
É bem mais simples
ser-se
o que se é,
em tudo o que se seja,
para que se seja,
sem que se escute as horas,
(basta o ritmo cardíaco)
e deixar a mente tocar o céu,
como qualquer pássaro,
livre de escolher voar.
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