domingo, 18 de dezembro de 2011

Ser o corpo que (re)vista

Queria dizer-te tanto
e acabo por nada te dizer.
Ontem, sabia,
sabia e tinha tudo na ideia,
e o que penso, nunca tem fim
e não consigo parar de pensar,
o que tinha sonhado,
e dito a todos os;
necessitados como eu, de acreditar,
que me olharam com sorrisos
até plantados nas mãos,
que também me fizeram mil e uma promessas,
me deram muitas esperanças
e até me ofereceram um futuro novo,
que me convenceram de sua felicidade,
mas que não desistem de ambicionar mais e mais...
Queria dizer-te tanto
e acabo por nada te dizer.
Ontem, sabia,
sabia, mas hoje acordei,
como se tivesse um ancião (des)conhecido,
junto à minha cabeceira,
e que me avisasse,
que por ali ficaria, por mais de uma semana,
à conversa.
e que me aconselhasse
a sentar-me à beira da cama
e colocasse os pés bem firmes e presos ao chão,
enquanto com ele falasse
e para que o ouvisse, assim, com mais atenção,
e que me ajudasse a concentrar,
para que pudesse sentir a vibração da Terra,
e que apontasse para o firmamento
para que olhasse
e tentasse entender o infinito.
E eu nunca iria perceber
a Terra mexer,
e até me sentiria insignificante
quando ousasse invadir o céu.
E que constantemente, me questionasse,
sobre os meus sonhos
e a minha ingenuidade,
e que me obrigasse a ver e a analisar,
cá, para bem dentro de mim,
até ao infinito de minhas células,
e não sei o quê, de minha alma,
e eu mal entrasse,
não gostasse do que visse,
e chorasse, por mim e por ti e por todos.
E que me desse um corpo, já formado,
para que vestisse a minha mente,
e assim concretizasse os meus sonhos
e não alimentasse mais,
as evasões e os devaneios,
e acreditasse no Homem
e nunca nas utopias
de alguns homens,
que fingem sonhar
o Homem.
Queria dizer-te tanto
e acabo por nada te dizer.
Ontem, sabia,
nada sabia.
Hoje, pouco sei,
amanhã, talvez saibamos,
ou por mais uma semana,
ser o corpo
que (re)vista
nossa mente,
(e o amor).

Todas as horas têm um propósito
e há as idades do sentir.

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