segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Renascer de mim

Envolto por uma nuvem
da cor do sossego,
num céu carregado de anil,
raiado de violeta,
como feto dentro de mater útero,
luto instintivamente,
em desespero,
para sobreviver
sem dor ao parto.

Nasço, enfim,
sete luas antes do desígnio,
depois de uma gestação
de três infindáveis invernos
e de quatro não chilreadas primaveras.

Ainda não sei se nasci
ou se são as memórias
de ter morrido.

Pouso na suavidade do berço
as cansadas emoções,
sem saudade,
nem lembranças...

Quero olhar o firmamento
e perder-me a contar estrelas,
mas de pé,
seguro pela Terra.

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