segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O tempo da idade

A verdade do tempo
condiciona a liberdade de viver.
Cronometramos a existência em silêncio,
com a ilusão da imortalidade,
retardando as rugas
na aritmética do experimentalismo.
Persistimos na imaturidade do embrião,
sofremos da síndrome do umbigo.
Acreditamos que tudo ainda é lento,
quando já tanto escasseia.
Continuamos a negar as imagens do espelho,
concentrados na aparência
e favorecemo-nos à objectividade do momento.
Confundimo-nos no crescimento
de quem nos quer alcançar
e recriamos o longe
a quem está tão perto do fim.
Envolvemo-nos de elixires e deuses,
combatendo a frustração da esperança.
Acompanhamos expectantes,
em angústia as passadas da genética,
e estimulamos a virilidade laica da ciência.
Escondemo-nos das origens,
entretidos no pretensiosismo civilizacional.
Somos animais,
mamíferos,
emocionais,
com terminações nervosas,
frutos do pó da terra,
criados à imagem
de um Pai artista,
mas incógnito,
e enteados de Darwin.

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