segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

(In)desejado

Colo-me ao chão
e agarro-me a todos os meus pertences
com garantia dada, de terem valor,
(mesmo os que não muito aprecio),
e que até me prometem,
dar alguma consistência
à existência que herdei,
ser eternos...
Por que tenho receio
de provar o céu,
e de até nem ser capaz de o viver,
ou de nem mesmo existir
como imaginei,
de não o merecer
e ser castigado,
e não passar de um sonho mau,
perder-me para sempre,
sem conseguir acordar
e voltar à terra.

E assim vivo
como se uma linha de horizonte
me preenchesse a alma,
sem usufruir felicidade desta riqueza,
nem experimentar a transcendência
de um sonho,
montado num possante touro
pelo deserto,
receoso da picada
de um (in)desejado escorpião.

Dissolver-se-ão,
camada por camada,
todas as máscaras,
até que me reste
o rosto da liberdade
e veja no espelho
a nobreza de todo o amor
e não a imagem
da inesgotável solidão,
e/ou a saudade.

E o meu pensamento ascenderá
e vibrará nos confins do infinito
e tudo o que sinta de bom
ser-me-á, aqui, retribuído,
com saber de abundância.

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