domingo, 18 de dezembro de 2011

In petto

No canto eloquente
de tua voz amargurada,
há um desencantado chilrear
enlouquecido,
um pássaro branco,
que voa esquecido de pousar,
ansioso por romper
a velha madrugada,
para que possa, assim,
(re)nascer dia.
Há um forte
e místico sopro,
forjadas magias,
sons em melódico vibrato,
inebriados de dor,
transmutando o sofrer
num arco-íris de amor,
preenchendo de luz
almas tristes,
de vazias.
Soltam-se
palavras proibidas,
ousadas,
providas de tempestades forçadas,
carentes de temperança,
no breu infinito dos céus,
arrepiantemente sentidas.
No canto de tua voz
há o timbre do desejo
num compasso solitário,
o fogo da raiva,
o grito da terra,
o instinto do poeta,
sem gaguez,
o símbolo aguerrido
da viril identidade
de ser nobre
e português,
em traje de alvo linho
in petto o caminho
de cavaleiro Templário.

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