terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Natal


Natal sem Pai Natal
não é Natal!
Sem ele
ou sem o menino Jesus!

É preciso saber reinventar a esperança,
quando se deixa de ser menino
e descobre o mundo horrendo, 
e que o Homem pouco cresceu,
desde que Ele nasceu,
ou mesmo depois, da Coca-Cola
ter recriado este Pai Natal da nossa infância,
de outros nos terem feito sonhar 
outros tantos sonhos, 
depois de já crescidos,
para que nos mantivéssemos acordados
e ainda de pé,
numa constante espera de nada,
iludidos de tudo.

Era importante que houvesse um menino Jesus
mesmo que fosse só durante o Natal
e um Pai Natal,
somente para as crianças.

Queria ser Natal
todos os dias,
se houvesse em mim um Menino. 




domingo, 21 de outubro de 2012

sábado, 29 de setembro de 2012

Tempo

Quando for tempo
do Tempo passar pelo ciclo do pântano,
então haverá tempo,
para que esse tempo chegue a um outro tempo
e o que reste se esgote,
e o que ainda haja, mais ainda se perca.

E o Tempo pesará no tempo de todos,
para que, surja o tempo
de haver melhor tempo
e sejamos mais Tempo.

Depois o Tempo viajará
outro tanto tempo,
até se apoderar de seu trono
e ser tempo do Tempo.

Entretanto por cá,
depois do breve verão de outono *,
se afundará a grande nau do delírio,
pois o Tempo cumpre em pouco tempo,
o que lhe cabe marcar,
e o tempo do Tempo, sem que nunca pare,
correrá lento e ainda mais devagar,
para que se aprenda,
sinta a importância de qualquer tempo
do Tempo,
com tempo.


05/10/12 a 18/09/15
23/12/14 a 21/12/17
* 9/16Nov.12 - 24Jun./9Jul.13(r)/22Jul.13(D)

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Liberdade

A liberdade é um sonho,
porque sou um prisioneiro.

As grades impõem-se
constringindo o espaço de ser.
A norma maior é a ganância
e não há piedade
na vil disputa.

E eu recrio cárceres
para que não me resigne à realidade.

Serei livre
quando já não houver condenados
e estiver despojado de insignificâncias
e a verdade for cooperação.

sábado, 18 de agosto de 2012

Esperança d`Alguém

Está aí, alguém,
do outro lado de Mim?

Responda!
Aja!

Ninguém responde!

Parece não haver,
já, quem nos consiga
dar Alma!

Quem existe e pode, está na Sombra
e traz-nos mais escuridão.

Haja, Luz,
esperança d` Alguém,
com espada, nobre,
e Lis no peito.

domingo, 12 de agosto de 2012

Poesia é...

Poesia é
o céu que eu abro,
o céu que em mim eu quero,
o mar onde eu navego,
o mar onde eu me perco,
a brisa que me refresca,
o vento de quando me enfureço,
a casa que me habita,
a cama onde eu adormeço,
o sonho que me sucede,
o desengano que me desalenta,
o abraço que não se esquece,
a saudade por quem nunca surge,
a morte que sempre se espera
o desespero pelo que urge
o amor do desencontro
a paixão por quem não existe
a suplica de quem tanto peca
a fé que me acredita,
a esperança que me penetra,
o que dita minha alma velha,
a memória de minha criança,
o que eu de mim confesso,
voz de Deus,
alento para que me vença,
ostentação de um pobre espirito
um clamor da consciência....

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Histórias

Qualquer história tem um fim.
Em algumas, custa a lá chegar.
Não é relevante que tenham um final feliz,
mas frustrante, quando tudo era tão óbvio,
e nunca se quisera imaginar, assim.

Porque se acreditou sempre em outro desfecho,
por haver motivações contraditórias,
muita sedução,
promessas de amor...
Nem que fosse o que ficasse por contar,
mas haveria sempre qualquer coisa que se seguísse,
concretizasse,
nos desse esperança,
de moralizante,
mesmo que nunca tivesse sido mencionada.

Tão catastrófico e desumano,
tão pouco inteligente,
para ser contada pelo Homem,
como se nunca soubera inovar o bem
e fosse constantemente obrigado a repetir-se nos mesmos erros.
 
 
"Histórias"
dedicado à Angela e todos os fazedores desta História, para que entre 13 de Julho e 29 de Agosto a recriem ou ditem um ponto final em finais de Outubro e seja Novembro já outro parágrafo e o Senhor do Tempo nos dê outra pontuação.

Romã e árvores

 
Esta união, de facto,
que se desfaz,
como estrelas que não encontram céu,
de mãos não dadas,
de laços e tratados mal apertados,
de parentesco sem raízes,
de intuitos sem fé,
de ideologias desconcertadas...
Espera a derrocada,
que seja pretexto
à liberdade suprema,
como península,
que se quebre
em ilha
e navegue aos mares do possível
e de futuro.

Consagra-me o destino:
um irmão de sangue,
que nossas casas sejam geminadas
até à alma,
que outros virão
unidos pela palavra
e ao coração de todas as histórias...

Persiste uma flor,
ao efeito de quaisquer ventos,
enlaçada ao bordão da esperança;
quer ser romã
e árvores.

E eu,
por vontade de todos,
também serei.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Cântico do Incentivo

Cântico que em mim soas,
me soas à flor do ouvido,
como quem procura a morte,
sem nunca ter nascido.
Bailas no pensamento
acendrado, no intróito
com um brandão rafado,
escopo de um sentido,
por mim desejado,
em mim amado e veraz .
Esgueiras-te
por entre os sons
que o vento traz,
confluindo eu,
para não te deixar de ouvir,
ao centro da minha alma
aljube e vil,
e a mim te vinculo,
pois sempre no tempo
essas vozes hão-de haver.
Estruturado és em pugna
entre a morte e a vida,
entre todo o homem e a guerra,
entre a fome e a paz…
Com um brandão rafado,
escopo de um sentido,
cântico que em mim soas,
me soas à flor do ouvido..

Espetaculoso

Alguém que nos foi especial,
único,
espetaculoso,
jamais deverá ser vivido como um espetáculo.

A alegria maior advém da contemplação
da essência do que advém também da impessoalidade,
nunca das vanidades do involucro no singular.

Porque tristeza,
é a miséria de quem tudo julga quase possuir
mas não sabe
ou pretende dividir,
porque nada lhe chega
para que se sinta alguma vez valioso
e vivo.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Verdade

Sinto-me, cada vez, mais perto da verdade,
sempre que duvido.
Mas, ao certo, nunca a soube,
a encontrei,
por muito que tudo questione...
Ou mais longínquo,
por nunca estar convencido

domingo, 29 de julho de 2012

A Revolução é vermelho-coração

Muitas são as faces de ti,
que tão habilmente, te sabem esconder,
sem que te dês conta.
Por vezes, reconheço-as, por entre outras tantas,
que desconcertadamente, se manifestam,
fazendo questão de serem bem marcadas,
como se fossem únicas, primeiras, diferentes de todas,
e tu as sentisses e vivesses como a verdade.
O Todo decifra-se por todas as partes
e todas convergem para o Todo.
E nada mais existe, que não fora já urdido.
O contentamento nem sempre traduz alegria,
pode também ser luta contra a tristeza.
E há quem se extroverta para não se saber
ou no silêncio de si se esconda,
por tanto se idealizar,
e também temer.
A sublevação contra o mundo só é pertinente,
depois de se terem as pazes feitas,
com, todas as faces,
ter presente a riqueza de todas as partes,
a vida,
quando não é por mim que defendo ou agrido;
a revolução é vermelho-coração, sim, pelo plural.
Mesmo que imute o material bélico
e seja estudada outra estratégia.
E tudo o que profiro,
não é só no que em ti vejo,
mas por que em ti, também me revejo,
antes que digam,
para que tudo melhore
e eu sempre consiga ver mais,
ver o que consiga
e ser quem tiver de ser,
se tiver de ser,
com todas as faces,
em todas as partes.

domingo, 22 de julho de 2012

Ai, Portug(ra)al, minha fratria!...

O meu país
está doente,
desfalecido,
moribundo,
decadente,
sofre
de um social ismo
qualquer,
raro,
mutante,
mortal...

No meu país
ainda se crê;
(re)criar o fado,
(re)viver os sonhos
dos heróis,
e dos poetas
que tão bem
nos (re)inventaram,
e nos (re)conduziram
à (r)evolução...

É preciso
(re)descobrir
o Espírito,
(re)fundá-lo,
(re)povoá-lo!...
Ser
em português!

Ai, Portug(ra)al,
minha fratria,
ainda vos esperam
a glória,
o mundo
e eu!

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Carne e alma

Dói tanto até que se dissipe o nevoeiro
que se criou sobre nós, desde o berço, devagar.
E hoje bem cerrado, denso...
Um dia, sem que se dê por isso,
deixará de nos resguardar e confundir.
E mais do que a ambição que nos leva a ser como alguém
e não o que se deveria ou desejaria,
será a descoberta de todos os Eus,
livres, autênticos,
capazes de se despirem de todos os atavismos,
para que a borboleta brilhe,  como a mais bela das crianças,
conscientes de que é bem mais fácil e simples  ser-se, tão somente o que se é
 e interdepender inteiros;
de carne e alma.

Sou pequeno demais...

Sou pequeno demais

para que possa, alguma vez, ser uma boa pessoa,

insuficiente,

para que dê alguma coisa a alguém,

de forma ordinariamente altruísta ou generosa.

Sempre que digo mal,

é por que invejo…

E o Homem nunca será mundo,

porque ninguém, aceita, desde o nascer,

a sua humilde e digna condição,

e todos desde sempre são apenas ensinados ao disfarce...

Aprecio o que me traz vantagens

e brinco de enamorado

para que me instruam no amor

e chegue à salvação por me fazer de tão infeliz…

Quão imaturo sempre fui,

para que me sinta algum dia adulto

e ambicioso,

para que encontre o lugar onde me realizar

e seja simplesmente tão só eu.


E olho o Mar

e perco-me a contar ondas,

e adormeço sobre o imenso areal da minha vida,

por entre conchas e algas e tanto lixo,

como se o futuro fosse, aquele exacto momento,

como se morresse, ali...

E nada mais restasse, após a maré ter subido,

senão a velha alma, ainda aprendiz,

e mais uma vez, capaz de se fazer à faina

depois de todo o Mar ter naufragado seus subversivos estados.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Entro...

Entro num templo e oro
a Deus e aos santos
para satisfazer
ou aquietar os que em mim,
têm forte crença no divino
ou temem a desgraça.
No entanto persisto em me pensar
no agnosticismo.


quinta-feira, 28 de junho de 2012

A vida é...

A vida é uns quantos estados de espirito,
mesmo que não haja razão,
reino de todos os sentidos
tem tempos de euforia
e silêncio,
tanto é primavera
como cai um nevão,
nascimento,
como solidão;
de quem também morre, mas parte mais tarde,
briga entre irmãos,
como paz;
a velha camuflagem de guerra…
E a tormenta, lá fora,
é quase sempre a desculpa ao desassossego
que fervilha bem cá dentro,
desde a alma até à alma da Alma.
E logo tudo o que se nega, já se é.
E diz-se que sim ao que desafia, e ilude,
e se tem duvida…
E nunca se imaginaria ir tão longe,
quando se pensou apenas restar por aqui,
nem os deuses ousaram ser tantos,
sujeitos ao incómodo humano,
nem o Homem jamais se atrevera,
com tanta arrogância sonhar-se infinito
e esmagar-se contra Deus…
E nem eu fora educado a pôr tanta coisa em causa,
viajar para além de outras fronteiras,
que não as de este Mar,
nem a me descobrir em novas Terras de mim,
nem a inspirar todos os ares de todos os mundos,
nem a crer que existo e sou também mundo,
mesmo que não me concretize muito mais, do que na forma que, agora, ocupo
e no sítio onde moro.

A vida é o grande segredo do Alquimista.
E eu, que nem vocação tenho para aprendiz
não passo de um complexo laboratório,
em pleno funcionamento, em horário laboral.



quinta-feira, 21 de junho de 2012

Sou animal


Sou animal.
Disso, jamais me deverei esquecer,
mesmo que quase nunca me queira lembrar de minhas, nossas, origens.
No que resta, motivado(s) pela a ambição
ou pelo medo,
fui-me, fomo-nos, especializando,

tornando mais sofisticado(s),

artistas e manhosos,
omisso(s)…
E morrerei como animal, mesmo que creia que Deus exista
para me diferenciar, na vida, de outros,

também Nele nascidos.
Sou animal
e apenas valho pelo que sou, por entre tantos,
porque nada mais possuo,
e a vida é muito mais do que o(s) Eu(s) do presente,
e nem a mim me iludirei de que alguma vez me pertença.
E quem me aceitar assim, é porque entende quem é e onde habita,
e tudo aceita sem sobre tudo pensar demais,
e apenas tem a pretensão de me gostar,
para que se vença constantemente, também, na solidão,
como Terra perdida no infinito Universo,
e ao mito da existência para além do que se consiga durar,

à terra, como um animal.


terça-feira, 12 de junho de 2012

E não fosses Homem


Ontem, despiste-te, à minha frente,  
por alguns minutos, que me pareceram breves, demais,
para o que queria contemplar
e, melhor, pretendia compreender.
Quando cheguei já te encontravas desnudado,
um pouco, somente da parte direita.
Mostraste-te humilde
e vigoroso no abraço.
Por fim tiraste o resto
e entre tanto que te deste
consegui ver o teu enorme coração.
De repente temeste a verdade do que te perturba
e cobriste-te de farrapos de nadas,
e persistente foste na indiferença,
como se já não existisse
e de outros te vestisses,
muitos, que também conheço, como tu,
e nunca te tivesse visto inteiro
e não fosses Homem,
que até me terrifiquei
só de pensar que podia ser também assim,
perverso e mesquinho,
e me trajo igualmente tão mal,
quando, fujo, a ter de me olhar.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Creio

Creio que estou na vida por amor,
que a entrega está para além da vontade
e também do que me derrota,
e enquanto sentir paixão, viverei, mais que tudo!
Tenho futuro,
pressinto, que há futuro para mim,
mesmo que seja ainda hoje, a qualquer momento,
e tenho desejo de aprender na hora,
mesmo fora de horas;
ainda sei tão pouco sobre as coisas,
como o muito que julgo entender de mim
e os que crêem ser como eu,
mesmo os mais descrentes.
Sonho que sou o eterno conquistador da liberdade,
a que há-de surgir, fora inventada,
e dos dias que nascem na minha rua,
cada vez mais tarde,
mas os mais claros,
porque os cinzentos guardo-os só para mim,
para que me esqueça de quem ainda possa ser,
ou misturo-os num qualquer beco,
onde gente desgostosa resiste ao amor
e tenho a pretensão de sobreviver aos abandonos
dos que me alimentam vícios,
estimulam à dependência,
jogam com o intuito de terem poder,
e quanto mais me iludo,
mais me hei-de vir a parecer com eles...
Creio!
Creio, que creio, sei lá,
ou não passo de um amador,
que crê ainda viver.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

A vida

Será o enforcado um frustrado
e o fugitivo irresponsável?!
Haverá forma de contornar esta constante abulia,
este (re)morrer de quem nunca se irá levantar
e vir a ser corajoso e até crente?

Ambiciono, pela libertação,
e possuir nada,
e o que eu valha sirva apenas para (sobre)viver
mesmo que esteja já morto, para os demais,
e a serenidade, aquela que se diz alcançar e ser eterna.
A vida não é uma utopia,
nem o Homem um engano da natureza.
Há sempre um (re)começo sob um outro céu;
mesmo sem moeda na alguibeira,
nem mágoas e ilusões no coraçâo.
O apelo maior do Homem não é vencer a vida,
mas surprendê-la.

No preciso do momento

Quanto mais se finge
o que não se é,
mais se é o que se finge,
e longe está de se entender
e viver o ser que lhe estaria destinado.
Ontem já era tarde,
Agora, ainda mais.
Mas até ao fim há tempo para conquistas
e será, de desassossegos, no eterno limite do abismo,
que surgirá um outro Eu,
feito de labutas e consolos,
(im)perfeito, auêntico, humano...

Por muito que me diga
nunca me ouvirei,
antes que viva,
o que sempre me falei.
Só, batendo a calçada,
se sente cada pedra que se pisa,
no preciso do momento.


Terra tão esférica

Estou em demasia minado por raízes,
que me confundem na verticalidade e força de meu tronco,
até à extremidade das hastes guiadas ao futuro de todas as estações,
por entre os muitos verdes das folhas dos dias,
aos ventos que me sacodem demais a consciência,
à chuva que me alaga a alma, como um dilúvio,
no poiso que reconstruo aos pássaros da liberdade,
nas Sombras que faço
e ao Sol que me queima,
na floresta densa da humanidade,
como árvore da vida,
numa Terra tão esférica, pequena e infernal,
como se parecesse nada, ao olhar de Deus,
podendo até ser tudo
e um pouco mais,
mesmo sem mim.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Somos vento...


Outrora, faziam-se, casas voltadas, para a rua,
hoje, constroem-se, para ninguém...
Vive-se em solidão,
para a solidão.
Mesmo que se abram outras portas,
e embora se chegue tão longe,
nada se sente perto,
nem alguém nos é tão conhecido assim...

O que importa é quando estais por aqui, comigo.
Conquanto somos vento.
Mas também somos gente,
morando onde merecemos
e acreditamos existir.



объятия для тех, кто обычно посещают меня в России.


domingo, 22 de abril de 2012

A mente mente


Penso demais
e o raciocínio é presa fácil
na teia das velhas emoções
e os erros sucedem-se.
A mente mente
e eu também,
até que me apanhe
e deixe de confundir.


Quero...


Quero mais do que parecer
tudo o que me faça saltar a cerca;
experimentando, retesando os limites…
Viver humano,
para ser mais eu.
Por muito que me queira afigurar,
sou todos os que em mim havia, por enquanto,
menos este que apareço.

O avesso é bem diferente do direito,
mesmo que se declare como igual.
Quanto mais igual,
desigual.




sábado, 14 de abril de 2012

Olhar


Deixa que te mire
e contemple,
para que te gostes mais
e concebe a minha dádiva,
apenas como uma ponte
à tua emancipação.
Olho-te, não para que me (re)conheças,
mas para que te (re)vejas
e estremeças,
e morra eu aos horizontes
que ali mesmo, naquele lance, se esgotam,
para que apenas me sinta
e sobeje,
e seja.

Ver-me-ei, no que quiseres ser,
basta que me provoques
com um breve olhar,
que se leia.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Coisas

Coisas de homem,
só homens com homens sabem
fazer e sê-las,
ser Homem,
resolvendo a ancestral dualidade do género
em consonância com o Verbo,
o Anima da alma.
De mulher, igualmente;
combatentes de inquietante Animus
que também acossa desde primo tempo.
De Homem,
estão para além do que a natureza induziu
e de todas as leis, que teimam, confinadas,
sejam as da Terra,
sejam as dos céus ditadas pelos da Terra,
que alucinam pela demora
e chegar a Deus.
Quando aqui, há de tudo,
até o inferno se fabrica à mão,
desde a esquina,
até à pretensão,
e também é céu,
e até a pequenez.


domingo, 8 de abril de 2012

Sobre o arame

Se houver em mim alguma porta por abrir
é a vossa, onde estais trancados.
Poderei eu escancarar-me
e crer no amor,
e quanto mais depender do prazer,
mais sofredor serei,
mas jamais capaz de me consumir,
depois do que já em mim lutei,
para além do limite do poial,  
e voltar a fechar.

Sou o que quiserdes
mas nunca mui distante do que ouso ser  
e da  liberdade que me fervilha,
até que me destine ao caos dos improvisos
a possua dons à satisfação sobre o arame.  

sábado, 7 de abril de 2012

(In)Felicidade

Vou até onde me demando
e o tempo me souber
até desmistificar a (in)felicidade
e sentir hoje como oiro,
ser borboleta no âmago de uma flor,
e a insatisfação como degrau
e a imaginação ventre do criador.

Tão ávidos são os meus sonhos
e falazes os meus desejos,
para um só caminho que preciso,
com a Inteligência que me rege,
sempre pronta a redimir-me.  

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Pessach

Não posso pactuar com o mal,
mesmo que tenha a chancela de um qualquer deus!
Serei sempre também a Igreja,
mas nunca pela religião.
Não é a fé que questiono,
mas as leis dos homens,
que não servem o Homem,
nem a evolução do firmamento
e os que se fingem de cegos.

Que se celebre sim, Pessach;
a passagem do anjo da morte,
o que nos liberte dos primogénitos
das casas da traição e crueldade,
que escravizam o povo da vida;
todos os filhos de Deus!

segunda-feira, 19 de março de 2012

O Clarinete e suas Vozes


O clarinetista Ruben Marques Jacinto e o pianista Luís Bastos Machado apresentam um recital com uma temática dedicada à voz. O clarinete, instrumento cujo som desde sempre foi de...scrito como tendo características muito próximas da expressão vocal, apresenta-se aqui com um programa contrastante, mostrando não só a sua própria voz, mas fundindo-se também com outros géneros de música vocal, como a Ópera e o Fado. Com a participação especial da fadista Ana Roque e do Grupo Coral do Montijo/maestro José Balegas, este é um concerto a não perder, com obras inéditas e homenagem ao nosso recente património imaterial da humanidade, que é o Fado.



Programa

Claude Debussy – Primeira Rapsódia para clarinete e piano (1910)

Jörg Widmann – Cinco Fragmentos para clarinete (em lá e Sib) e piano (1997), estreia nacional

George Gershwin – Somebody Loves Me para clarinete e piano (1924) Arr. Art Marshall

George Gershwin – Summertime para clarinete e piano (1935) Arr. Art Marshall


Intervalo


Gioachino Rossini – Introdução, Tema e Variações para clarinete e orquestra (1819), da Ópera La Donna del Lago.

Pedro F. Sousa – Tejo, meu Fado para voz, clarinete e piano (2011), Poema – João Araújo, estreia absoluta.

Alain Oulman – Fado Português, poema de José Régio (1970), Arr. Rui Ribeiro

Alain Oulman – Maria Lisboa, poema de David Mourão-Ferreira (1970), Arr. Rui Ribeiro

Frederico de Freitas – Rua do Capelão, poema de Júlio Dantas (1931), Arr. José Balegas Gonçalves

Canção tradicional judaica – Choson Kala Mazel Tov, Arr. José Balegas Gonçalves



Intérpretes:

Ruben Marques Jacinto – Clarinete
Luís Bastos Machado – Piano
Ana Roque – voz
Grupo Coral do Montijo/maestro José Balegas Gonçalves



Entrada: EUR 5,00
Reservas: 212327882 / 212327880

sábado, 17 de março de 2012

Além Terra

Muito longe, que queira ir,
dificilmente, sairei daqui.
Ir além Terra,
por enquanto, só viajando,
pelo interior de mim,
à descoberta deste cosmo,
igualmente infinito (ou ainda mais),
mesmo que me iluda
por o que julgo apenas ver,
e a ser só isto
a que tanto se propuseram criar.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Malsão

Hoje, tirei a manhã,
para chorar.
Também é preciso!
Havia tanta coisa em mim
por carpir.

Se me sinto melhor?!
Sim, mais aliviado,
mas continuo malsão!

Ser outro ser...

Se fosse perfeito
jamais conseguiria ajudar
quem julga ser um exemplo,
nem compreenderia os que sofrem
para crescer…
Sou apenas Homem
e sê-lo-ei até ao fim,
mesmo que creia  
ser outro ser,
mais além do que sou.

domingo, 4 de março de 2012

A esperança de um céu

Há momentos em que julgo ser feliz
e altura em que me imagino a precipitar do abismo.

É mui fácil iludir-me
e difícil eu crer,
e sobreviver aos dias de nuvens indistintas ,
que nos sobrecarregam demais
e escondem a consciência
e arrancam a coragem.

Mas haverá sempre uma qualquer estrela,
que habilmente se consegue escapulir
por entre as sombras
e ser a esperança de um céu.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Sentidos

O que anseio?...
Não sei!
Pouco ou nada, já me compensa!
No entanto, perduro preso ao hábito
do que me deu alimento,
forçando-me viver em exageros,
até de vez me enfastiar
ou ficar enriquecido de paladares,
sem que me culpe pela concupiscência,
para que me descubra em outros sentidos
e despertem outros, mais evidentes prazeres,
e venham os incentivos apenas do (a)mar.


E é aqui

Não é justo falar de alguém,
nem mesmo sobre mim tão pouco.
Devo apenas divagar.
É-me permitido (re)pensar,
mas sem me repetir
para ter o desejo de me viver.

E é aqui, no sítio mais alto
onde me habito,
que me recolho
e mais longe me sinto de tudo,
na solidão de que necessito,
tatuando as paredes de meu quarto
com a poesia do Amor,
para me ser no que mais sou
e que me goste se merecer.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Poesia

A poesia eleva
os mais profundos sentimentos
da alma
à consciência dos dias
feitos de versos
tecidos com fios de luz.

A poesia
é dos poetas
que de tão vivos
sabem eternizar o canto
e o belo
de todas as palavras
de todos os Eus.

A poesia
não tem razão
tem sabedoria.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Amor

Raro é aquele que não pensa no amor,
mas poucos são os que o conhecem
e sabem assistir.
O desejo intenso do corpo puro,
é traído constantemente pelo temor que frequenta o pensamento
e a coragem é escassa para combater velhos moinhos de vento,
deveria perder-se somente no presente,
sem desassossego de futuro que o culpe...

Não sei se quero ser amante,
ou antes sobrepujar as mágoas de não ter tido abrigo.

O que procuro, para além da sedução,
é o que me compense
e alegre a triste casa,
para que me sinta gente
e me encontre livre
do (des)conforto antes de mim.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Queria despir-me...

Queria despir-me,
ficar todo a nu
e sentir conforto assim, desse jeito,
sem que minha nudez viesse a servir de motivo
à falsa roupagem,
fosse vítima de quem se protege
de cima a baixo, com múltiplas capas,
como se fosse mundo
e de si, a verdade,
e, eterna,
a lucidez.

Tenho o propósito
de, bem ou mal, marcar a mente alheia,
a mexer com atrevimento,
causar-lhe estranheza,
não para que seja notado,
mas para que, os que comigo se cruzam,
se (re)vejam
e eu também mais me descubra.