quinta-feira, 31 de maio de 2012

Creio

Creio que estou na vida por amor,
que a entrega está para além da vontade
e também do que me derrota,
e enquanto sentir paixão, viverei, mais que tudo!
Tenho futuro,
pressinto, que há futuro para mim,
mesmo que seja ainda hoje, a qualquer momento,
e tenho desejo de aprender na hora,
mesmo fora de horas;
ainda sei tão pouco sobre as coisas,
como o muito que julgo entender de mim
e os que crêem ser como eu,
mesmo os mais descrentes.
Sonho que sou o eterno conquistador da liberdade,
a que há-de surgir, fora inventada,
e dos dias que nascem na minha rua,
cada vez mais tarde,
mas os mais claros,
porque os cinzentos guardo-os só para mim,
para que me esqueça de quem ainda possa ser,
ou misturo-os num qualquer beco,
onde gente desgostosa resiste ao amor
e tenho a pretensão de sobreviver aos abandonos
dos que me alimentam vícios,
estimulam à dependência,
jogam com o intuito de terem poder,
e quanto mais me iludo,
mais me hei-de vir a parecer com eles...
Creio!
Creio, que creio, sei lá,
ou não passo de um amador,
que crê ainda viver.

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