terça-feira, 12 de junho de 2012

E não fosses Homem


Ontem, despiste-te, à minha frente,  
por alguns minutos, que me pareceram breves, demais,
para o que queria contemplar
e, melhor, pretendia compreender.
Quando cheguei já te encontravas desnudado,
um pouco, somente da parte direita.
Mostraste-te humilde
e vigoroso no abraço.
Por fim tiraste o resto
e entre tanto que te deste
consegui ver o teu enorme coração.
De repente temeste a verdade do que te perturba
e cobriste-te de farrapos de nadas,
e persistente foste na indiferença,
como se já não existisse
e de outros te vestisses,
muitos, que também conheço, como tu,
e nunca te tivesse visto inteiro
e não fosses Homem,
que até me terrifiquei
só de pensar que podia ser também assim,
perverso e mesquinho,
e me trajo igualmente tão mal,
quando, fujo, a ter de me olhar.

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