Sou pequeno demais...
Sou pequeno demais
para que possa, alguma vez, ser uma boa pessoa,
insuficiente,
para que dê alguma coisa a alguém,
de forma ordinariamente altruísta ou generosa.
Sempre que digo mal,
é por que invejo…
E o Homem nunca será mundo,
porque ninguém, aceita, desde o nascer,
a sua humilde e digna condição,
e todos desde sempre são apenas ensinados ao disfarce...
Aprecio o que me traz vantagens
e brinco de enamorado
para que me instruam no amor
e chegue à salvação por me fazer de tão infeliz…
Quão imaturo sempre fui,
para que me sinta algum dia adulto
e ambicioso,
para que encontre o lugar onde me realizar
e seja simplesmente tão só eu.
E olho o Mar
e perco-me a contar ondas,
e adormeço sobre o imenso areal da minha vida,
por entre conchas e algas e tanto lixo,
como se o futuro fosse, aquele exacto momento,
como se morresse, ali...
E nada mais restasse, após a maré ter subido,
senão a velha alma, ainda aprendiz,
e mais uma vez, capaz de se fazer à faina
depois de todo o Mar ter naufragado seus subversivos estados.
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