quinta-feira, 31 de maio de 2012

Creio

Creio que estou na vida por amor,
que a entrega está para além da vontade
e também do que me derrota,
e enquanto sentir paixão, viverei, mais que tudo!
Tenho futuro,
pressinto, que há futuro para mim,
mesmo que seja ainda hoje, a qualquer momento,
e tenho desejo de aprender na hora,
mesmo fora de horas;
ainda sei tão pouco sobre as coisas,
como o muito que julgo entender de mim
e os que crêem ser como eu,
mesmo os mais descrentes.
Sonho que sou o eterno conquistador da liberdade,
a que há-de surgir, fora inventada,
e dos dias que nascem na minha rua,
cada vez mais tarde,
mas os mais claros,
porque os cinzentos guardo-os só para mim,
para que me esqueça de quem ainda possa ser,
ou misturo-os num qualquer beco,
onde gente desgostosa resiste ao amor
e tenho a pretensão de sobreviver aos abandonos
dos que me alimentam vícios,
estimulam à dependência,
jogam com o intuito de terem poder,
e quanto mais me iludo,
mais me hei-de vir a parecer com eles...
Creio!
Creio, que creio, sei lá,
ou não passo de um amador,
que crê ainda viver.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

A vida

Será o enforcado um frustrado
e o fugitivo irresponsável?!
Haverá forma de contornar esta constante abulia,
este (re)morrer de quem nunca se irá levantar
e vir a ser corajoso e até crente?

Ambiciono, pela libertação,
e possuir nada,
e o que eu valha sirva apenas para (sobre)viver
mesmo que esteja já morto, para os demais,
e a serenidade, aquela que se diz alcançar e ser eterna.
A vida não é uma utopia,
nem o Homem um engano da natureza.
Há sempre um (re)começo sob um outro céu;
mesmo sem moeda na alguibeira,
nem mágoas e ilusões no coraçâo.
O apelo maior do Homem não é vencer a vida,
mas surprendê-la.

No preciso do momento

Quanto mais se finge
o que não se é,
mais se é o que se finge,
e longe está de se entender
e viver o ser que lhe estaria destinado.
Ontem já era tarde,
Agora, ainda mais.
Mas até ao fim há tempo para conquistas
e será, de desassossegos, no eterno limite do abismo,
que surgirá um outro Eu,
feito de labutas e consolos,
(im)perfeito, auêntico, humano...

Por muito que me diga
nunca me ouvirei,
antes que viva,
o que sempre me falei.
Só, batendo a calçada,
se sente cada pedra que se pisa,
no preciso do momento.


Terra tão esférica

Estou em demasia minado por raízes,
que me confundem na verticalidade e força de meu tronco,
até à extremidade das hastes guiadas ao futuro de todas as estações,
por entre os muitos verdes das folhas dos dias,
aos ventos que me sacodem demais a consciência,
à chuva que me alaga a alma, como um dilúvio,
no poiso que reconstruo aos pássaros da liberdade,
nas Sombras que faço
e ao Sol que me queima,
na floresta densa da humanidade,
como árvore da vida,
numa Terra tão esférica, pequena e infernal,
como se parecesse nada, ao olhar de Deus,
podendo até ser tudo
e um pouco mais,
mesmo sem mim.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Somos vento...


Outrora, faziam-se, casas voltadas, para a rua,
hoje, constroem-se, para ninguém...
Vive-se em solidão,
para a solidão.
Mesmo que se abram outras portas,
e embora se chegue tão longe,
nada se sente perto,
nem alguém nos é tão conhecido assim...

O que importa é quando estais por aqui, comigo.
Conquanto somos vento.
Mas também somos gente,
morando onde merecemos
e acreditamos existir.



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