mesmo que não haja razão,
reino de todos os sentidos
tem tempos de euforia
e silêncio,
tanto é primavera
como cai um nevão,
nascimento,
como solidão;
de quem também morre, mas parte mais tarde,
briga entre irmãos,
como paz;
a velha camuflagem de guerra…
E a tormenta, lá fora,
é quase sempre a desculpa ao desassossego
que fervilha bem cá dentro,
desde a alma até à alma da Alma.
E logo tudo o que se nega, já se é.
E diz-se que sim ao que desafia, e ilude,
e se tem duvida…
E nunca se imaginaria ir tão longe,
quando se pensou apenas restar por aqui,
nem os deuses ousaram ser tantos,
sujeitos ao incómodo humano,
nem o Homem jamais se atrevera,
com tanta arrogância sonhar-se infinito
e esmagar-se contra Deus…
E nem eu fora educado a pôr tanta coisa em causa,
viajar para além de outras fronteiras,
que não as de este Mar,
nem a me descobrir em novas Terras de mim,
nem a inspirar todos os ares de todos os mundos,
nem a crer que existo e sou também mundo,
mesmo que não me concretize muito mais, do que na forma que, agora, ocupo
e no sítio onde moro.
A vida é o grande segredo do Alquimista.
E eu, que nem vocação tenho para aprendiz
não passo de um complexo laboratório,
em pleno funcionamento, em horário laboral.