segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Amor

Raro é aquele que não pensa no amor,
mas poucos são os que o conhecem
e sabem assistir.
O desejo intenso do corpo puro,
é traído constantemente pelo temor que frequenta o pensamento
e a coragem é escassa para combater velhos moinhos de vento,
deveria perder-se somente no presente,
sem desassossego de futuro que o culpe...

Não sei se quero ser amante,
ou antes sobrepujar as mágoas de não ter tido abrigo.

O que procuro, para além da sedução,
é o que me compense
e alegre a triste casa,
para que me sinta gente
e me encontre livre
do (des)conforto antes de mim.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Queria despir-me...

Queria despir-me,
ficar todo a nu
e sentir conforto assim, desse jeito,
sem que minha nudez viesse a servir de motivo
à falsa roupagem,
fosse vítima de quem se protege
de cima a baixo, com múltiplas capas,
como se fosse mundo
e de si, a verdade,
e, eterna,
a lucidez.

Tenho o propósito
de, bem ou mal, marcar a mente alheia,
a mexer com atrevimento,
causar-lhe estranheza,
não para que seja notado,
mas para que, os que comigo se cruzam,
se (re)vejam
e eu também mais me descubra.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Sou predador...

Sou predador,
para que me conquiste,
carecente de confirmação,
mas apenas seduzo.
Basta-me, para que me iluda
que me gostam
e nunca me venha a sentir só.
São intensos os infinitos
que se intersectam neste ego.
Rompo-os, sempre que posso, um pouco mais,
tentando-me a outros limites,
para que me vença no que, me atrai, mas não devo,
sou, mas não consigo.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Ínfimo dos reinos

Eu homem,
no que me vejo,
cobiço e careço…
E deus de todo este universo
que em mim se perde
sem que o pense,
respeite...
Nunca me saberei
até ao ínfimo dos reinos,
sejam quais os limites.

Serei eu que me conduzo
ou este meu mundo que se leva?

Só...

Só se sente só
quem não consegue sair de si
e constantemente concebe a solidão,
como se existisse.
Pensa-a, demais,
em vez de respirar fundo,
deixar que o mundo lhe entre pelas fossas nasais,
encha os pulmões de bons ares,
e se combine no sangue, o amor,
até que lhe alcance o coração
e de seguida se alastre pelo corpo
até à alma
e por fim se sinta outro(s),
seja tantos,
mesmo sem ninguém por perto,
e amor.