quarta-feira, 23 de abril de 2025

O Riso e a Fera

 

Na terra sem nome,

o velho caminhava, careca, sem segredo,

e o riso das crianças

ecoou como uma sombra leve.

Era só um som, mas era a afronta,

uma risada que não se ajoelhava.

 

E Deus, que tudo ouve,

fez-se silêncio.

Mandou as feras,

duas, sem rosto,

sem dor.

E as crianças caíram,

o riso ainda no ar.

 

Porque o riso de inocentes

não sabe que há um preço

para quem não se curva,

e desenhou-se no chão

o sangue dos puros

às garras de um Deus impiedoso.

 

 

 João Marques Jacinto

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