Sou vestígio de um silêncio antigo,
vibração deixada nas nervuras do tempo,
onde as raízes tecem o murmúrio da terra
e a seiva conduz memórias ao céu.
Abraço troncos que não cedem ao vento,
como se neles repousasse o segredo
de quem atravessa os séculos sem pressa,
sem medo da queda, sem nome para a morte.
Elas escutam o que a carne esquece,
o que a língua jamais pronuncia.
E por onde passo, reconhecem-me,
pois nelas deixei o meu sussurro,
ecoando na folhagem que nunca se perde.
O grito? O grito dissolve-se nelas.
E eu, que fui ruído e desencontro,
torno-me brisa na harmonia de um bosque
que me sabe sem que eu precise dizer.
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