quarta-feira, 30 de abril de 2025

Testemunho das Árvores


Sou vestígio de um silêncio antigo,

vibração deixada nas nervuras do tempo,

onde as raízes tecem o murmúrio da terra

e a seiva conduz memórias ao céu.

 

Abraço troncos que não cedem ao vento,

como se neles repousasse o segredo

de quem atravessa os séculos sem pressa,

sem medo da queda, sem nome para a morte.

 

Elas escutam o que a carne esquece,

o que a língua jamais pronuncia.

E por onde passo, reconhecem-me,

pois nelas deixei o meu sussurro,

ecoando na folhagem que nunca se perde.

 

O grito? O grito dissolve-se nelas.

E eu, que fui ruído e desencontro,

torno-me brisa na harmonia de um bosque

que me sabe sem que eu precise dizer.

 

 

 

 

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