Morreu, um destes dias,
sem se saber ao certo quando e onde,
de desgosto de importugalidade,
um poeta incógnito,
que muito amara a Terra que o gerara
e a Gente que com ele crescera —
todos eram esperança, força e Um só.
Não aguentou mais sentir o feder da pobreza,
nem ver heróis extintos,
nem tantos tombarem, por tão poucos.
O Espírito, demasiado contaminado,
já não podia ser exaltado com dignidade,
nem ser ouvido pelos agrilhoados.
As palavras sucumbiram,
a voz da Alma apagou-se
e, nos últimos versos, confusos, mas afiados,
cortou os pulsos,
para que lhe faltasse o sangue
e parasse o coração.
Enquanto se perdia do corpo, escreveu:
«Morte aos traidores, para que se salve Portugal!»
Três poetas, seus amigos,
lançaram ao Mar da grande Praia
os seus restos mortais,
envoltos na Bandeira.
Por ele(s), até hoje, estão de luto os poetas,
até que (re)nasça o Sol de todos
e Ela, a própria,
a Poesia!
João Marques Jacinto
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